terça-feira, 10 de novembro de 2009

Casa de homem


Você começou a dar pra namorar um cara. Ele mora sozinho. Uhuuul! Vai ter motel grátis! Então, você já imagina quando ele finalmente vai te chamar pra aquele amasso namorinho caseiro, com pizza antes e sorvete depois. Rola aquele banho gostoso, já criando intimidade e ele te empresta uma camiseta cheirosa, que te deixa louca pra descobrir de onde vem aquele perfume.

Ok. Até agora você só sonhou com todo esse climinha de apaixonados para sempre.

Até que você começa a perceber que ele evita o assunto "conhecer minha/sua casa". Não te convida pra ir à dele, nem se oferece para visitar a sua. Mas já é transa namoro sério - aquele velho conhecido em que tem cinema de mãos dadas, amigos dele, seus amigos e telefonemas, sem discriminar dias úteis de fds.

What's up, guy?! Eis que você começa a pôr sua criatividade em ação. Será que ele mentiu sobre o bairro onde mora? Será que ele realmente mora sozinho ou tem pai, mãe, 3 irmãos, avó, gato, cachorro, calopsita - porque papagaio tá fora de moda - tudo junto?

Só resta uma opção: a casa dele é um lixo. De mal cuidada mesmo. Com roupas espalhadas no quarto, caixas de pizza na mesa de centro - pô, tem mesa de centro!? isso que é imaginação! -, sapatos na cozinha, garrafas de refrigerante vazias na geladeira e nem se fala naquela montanha de roupas tentando chegar sozinha à máquina de lavar.

Então, você dá um jeito de entrar no cafofo do sujeito - repare que a essa altura, ele não é bem aquele "benzinho" que habita uma "residência". Você passou três noites em claro, arquitetando o flagrante e pensando minusciosamente em cada fala mansinha e carinhosa que lançaria mão para convencer o cabra - algo te dizia que um linguajar nordestino reforçaria sua raiva - a te permitir desvendar o mistério da casa mal- assombrada arrumada.

Plano em ação: você o busca no trabalho para fazerem um lanche - fofo isso! tô com pena dele... -, sabendo que ele não costuma ir para o trabalho de carro, assim ele não terá outra escolha senão depender da sua carona. Lancham, namoram, muitos beijinhos, olhos nos olhos (você repensa no plano, tenta arrumar coragem para continuar) e sugere encerrar a noite, já que ambos têm trabalho cedo no dia seguinte. Aí, seu lance de mestre: oferece - sem direito de resposta - uma carona para levá-lo em casa. A essa altura, ele nem pestanejou. A noite de vocês foi uma gracinha e não faria sentido se despedirem e ele pegar um táxi para casa.

Mas, ele não esperava pelo golpe final. Antes que ele oferecesse mais 10 minutinhos juntos, no aconchego do sofá da sala dele, você, parando o carro para desembarcá-lo na portaria do prédio dele, manifesta uma súbita e inadiável vontade de ir ao banheiro. Claro que ele sequer perguntou duas vezes. Fez uma cara de espanto, mas como quem tem que enfim enfrentar um inimigo, esmoreceu e convidou você para usar o banheiro da casa dele.

Saia dessa agora! Se você julgou o restante da casa um chiqueiro, imagina o banheiro! Meodeos, O BANHEIRO!!! Não há nada mais temível para uma mulher - deveria ser para qualquer ser humano, mas fazer o quê se nem todo mundo é um ser razoável e de bom senso? - que um banheiro molhado, mal-cuidado, sujo, cheirando mal, com toalha molhada e descarga quebrada.

Ele abre a porta cuidadosamente, faz um suspense antes de te chamar no corredor, te coloca para dentro antes de acender a luz e... você não vai se perdoar: a casa está um brinco, com cara de solteiro, mas super limpa e organizada.

No banheiro, você pensa "tão cuidadoso assim, será que ele é g--?"


Bjo, Estrô =)

terça-feira, 16 de junho de 2009

E quando ele é quem acha que tudo é perfeito?

Ok, que as mulheres é quem tem o poder de ver perfeição no seu namoro, casamento, pegação, amizade colorida ou no climinha que acabou de começar é fato. Mas e quando Ele é do tipo que acha a relação de vocês diferente de todos os relacionamentos do mundo inteiro?

Dá um medo de ser o homenzinho do casal... Depois de uma análise superprofunda e um estudo altamente embasado (leia-se combinação astrológica e numerologia), é difícil chegar à conclusão de que o pisciano é ultrarromântico e é bom a geminiana se acostumar.

Mas fazer o quê? Melhor do que ser melosa e ter que correr atrás por cada minuto de carinho.

Aliás, veio a pergunta: é mecanismo de defesa ou acaso ter na lista muito mais seres que corriam atrás de forma comedida do que caras altamente melosos, que não requerem um pingo de dificuldade para dar um telefonema, um chamego ou um "eu te amo"?

Dizem que tudo o que é demais enjoa/atrapalha. Será? Vai que a pessoa se acostuma com o jeito oposto ao seu do outro ser? Vai que acaba achando mais legal do que o comportamento dos anteriores? E melhor, vai que dois melosos se encontram?

Agora vou direto ao ponto - demorei, eu sei -: como se acostumar com as diferenças? como lidar com a estranheza de esperar a reação x, mas vir a y? por fim, como lidar com a sua própria mudança diante das atitudes do outro?

Pois bem. Difícil saber se você está mudando porque está descobrindo uma coisa nova ou se está mudando para aceitar o novo. Mais difícil é resistir às novas experiências para não ouvir que você está mudado (comentário geralmente acompanhado por sorrisinhos sarcásticos e condenadores).

Quanto mais me pergunto, mais entendo que as teorias nem sempre se avessam por causa dos homens. Acho que a culpa para as dúvidas femininas é das mães dos homens com quem nos relacionamos.

E tenho dito.

Estrô =]

domingo, 17 de maio de 2009

O peso de não errar


Estava conversando com um amigo que nunca namorou e está começando um romancezinho com uma garota que conheceu.

Ele me dizia que não sabia se seriam compatíveis, por conta da personalidade de ambos. Mas o peculiar é que aparentemente tudo estava correndo muito bem entre os dois, sem acontecimentos específicos que o fizessem chegar a essa conclusão. Eles estavam se dando bem.

Achei engraçado e fiquei tentando entendê-lo à medida que ia desabafando. Fui refletindo baseada nas coisas que eu mesma já senti.

Fiquei pensando como pode ele ter medo de algo que nem viveu? Que não sabe o que é?

É uma loucura como nossos medos e ansiedades transformam pessoas habitualmente sensatas e racionais em crianças acuadas diante do desconhecido.

Talvez, pessoas assim sejam as mais vulneráveis. Afinal, para elas é quase uma questão de honra manter o padrão de racionalidade, sensatez e decisões acertadas.

O medo de dar errado é grande, pois não seria o relacionamento em si que teria dado errado (se fosse o caso), mas elas próprias estariam assinando a sentença de fracasso, mostrando ao mundo que não foram capazes de fazer algo certo.

Como é difícil viver com o peso do não errar.

Por conta dele as pessoas abrem mão da vida antes que ela aconteça e carregam a ilusão de que não erraram. Quando na verdade, elas não viveram.

Conversando com ele soltei uma frase que pareceu até cópia de filósofo famoso. E na hora ela fez total sentido. Foi algo que eu nunca tinha verbalizado nem para mim mesma.

Não lembro mais exatamente da frase, mas o que ela dizia referia-se ao fato de hoje eu acreditar ser mais importante ter capacidade de reconhecer e assumir um erro do que propriamente não errar.

Pessoas que muito se apegam em fazer tudo certo são controladoras por natureza. Querem comandar seus destinos e por tabela, o destino daqueles que estão à sua volta.

São pessoas que têm dificuldade de relaxar, são ansiosas, têm insônia e não sabem lidar com frustrações. Qualquer um sabe disso, não sou eu que estou dizendo. A todo momento a ciência comprova isso.

Por outro lado, observe aqueles que têm a humildade de errar. Aqueles que não cobram a perfeição da vida, que aceitam e são complacentes com o cotidiano, com a simplicidade do dia-a-dia.

Nossa...

Aos olhos de uma pessoa controladora e que não sabe errar como EU, quando penso em alguém que tem esse dom de aceitar os erros do mundo, chego a sentir uma paz. É quase uma sensação de admiração, serenidade.

Não estou defendendo a inconseqüência, a mediocridade de fazer as coisas mais ou menos e o egoísmo de errar machucando os outros e depois pedir desculpas vazias.

Estou falando das pessoas humanas no sentido mais amplo. Daquelas que aceitam sua humanidade, que dão o seu melhor, mas que são simples e puras de coração e por isso quando não alcançam um objetivo idealizado ou quando cometem um engano sabem reconhecê-lo, envergonham-se dele também (afinal, são humanos), mas sabem passar por cima disso. Sabem que todos erram e elas não estão sozinhas, sabem se perdoar, pedir desculpas sinceras, fazer ajustes, consertar o possível e seguir em frente.

Pessoas assim, quando são piedosas consigo, também o são com o mundo. Perdoam, entendem, ajudam... Não julgam tanto, se ferem menos. Gente assim é fortaleza.

Eu não sou a fortaleza que por tempos achei que podia ser sendo racional, sensata e dando 110% de mim para não errar.

Na verdade, enquanto estava mergulhada nesse tipo de convicção, a minha entrega à vida não foi o que poderia ter sido. O esforço para não cometer enganos era tanto que o tempo gasto nisso me foi de certo modo roubado.

110% de sensatez era só disfarce para o medo de viver e me entregar e sofrer.

Como se alguém não sofresse...

Mas nada é em vão nessa vida, especialmente para mim, que apesar de todos esses defeitos sou otimista e sempre tiro lições para me desenvolver como pessoa e também ajudar quem está próximo, se possível. Essa é uma das minhas grandes alegrias.

Que bom que ainda sou jovem, ainda sensata, ainda tento dar o meu melhor e não errar (tanto), mas enfim entendi que não posso controlar a vida.

Entendi que não sou ninguém para julgar, que não posso prever e tentar antecipar o amanhã, aprendi que o medo, apesar de querer se fazer companheiro diário, não é meu amigo. Aceitei que é preciso perdoar, isso é fundamental! Compreendi que a gente sofre de qualquer jeito, então por que perder o bom da vida?

Eu quero sentir a simplicidade e a serenidade de ter um coração capaz de aceitar os erros do mundo e especialmente os meus.

Ainda não cheguei lá, mas hoje eu tenho essa consciência e esse é o meu tesouro.

Beijos, Progê =)